Vícios de linguagem: o que são e como evitá-los

Saiba o que são vícios de linguagem através de exemplos com os mais comuns na língua portuguesa. Pratique com exercícios para evitá-los!

pessoa corrigindo um texto, riscando-o com uma canetinha vermelha

Você sabe o que são vícios de linguagem? Muito provavelmente você deve cometer esse tipo de erro sem perceber.

O uso da norma padrão da língua portuguesa é constantemente avaliado em diversas etapas importantes da vida.

Desde o vestibular e outros processos seletivos até entrevistas de emprego, é importante sempre estar atento, para não cometer erros que possam passar a impressão errada e até mesmo prejudicar o sucesso em alguma dessas etapas.

O que são vícios de linguagem?

Vícios de linguagem são desvios gramaticais ou outras variações da língua portuguesa que fogem à norma padrão.

Podem ser cometidos na fala ou na escrita, tanto por descuido quanto por falta de um domínio maior da língua. Isso pode fazer com que a pessoa reproduza cada vez mais o erro, tornando-se, então, um vício.

Eles podem acontecer nos níveis fonético, semântico, sintático ou morfológico. Sendo assim, pode ser organizado em diferentes tipos:

Ambiguidade

Esse vício ocorre quando há o emprego de duplo sentido sem a intenção.

Por exemplo: Na frase “Francisco, ontem vi José na biblioteca e seu irmão” não é possível identificar se o irmão é de Francisco ou de José.

Arcaísmo

Consiste no uso de palavras ou expressões que já caíram em desuso na língua portuguesa.

Por exemplo: Na frase “Não consigo encontrar minhas ceroulas” a palavra “ceroulas” é um arcaísmo, sendo usado hoje em dia a palavra “cuecas”.

Barbarismo

Acontece quando há a pronúncia e/ou a grafia errada de uma palavra.

Por exemplo: A palavra “largato” é um barbarismo, sendo “lagarto” a escrita correta.

Cacofonia

Também conhecido como cacófato, ocorre quando uma combinação de palavras gera um som desagradável ou com sentido ridículo.

Por exemplo: Na frase “Não pude ir ao museu na vez passada” as palavras “vez passada” podem se confundir com “vespa assada”.

Colisão

Muito usado na música e na literatura, ocorre quando há a repetição da mesma consoante ou de consoantes com fonema semelhante.

Por exemplo: No trava língua “O rato roeu a roupa do rei de Roma”, a repetição da letra R caracteriza uma colisão.

Gerundismo

Esse erro acontece quando há o emprego inadequado e excessivo do gerúndio para causar uma ideia de continuidade.

Por exemplo: Para a frase “Vou estar transferindo a sua ligação”, o correto seria “Vou transferir a sua ligação”.

Estrangeirismo

Ocorre quando há o uso de uma palavra ou expressão em um idioma estrangeiro, quando há um equivalente em língua portuguesa.

Por exemplo: Na frase “Jorge é um verdadeiro gentleman”, a expressão “gentleman” é empregada desnecessariamente, uma vez que temos a palavra “cavalheiro”.

Pleonasmo ou redundância

Um dos mais conhecidos, esse vício acontece quando há a repetição de uma informação de forma consecutiva.

Por exemplo: Na frase “Eu era o elo de ligação entre eles”, a expressão “elo de ligação” consiste em um pleonasmo, já que todo elo liga algo ou alguém.

Neologismo

Também muito usado na música e na literatura, consiste na invenção de um termo ou na adaptação de um termo a uma forma inexistente.

Por exemplo: Na frase “Você já stalkeou o perfil do Francisco?” a palavra “stalkeou” é uma conjugação em português para um verbo em inglês, “stalk”.

Solecismo

Mais comum na linguagem oral, consiste na quebra de regras gramaticais em geral, como concordância, regências verbal e nominal etc.

Por exemplo: Na frase “Fui no cinema com meu namorado”, o “no” está incorreto – o correto seria dizer “fui ao cinema”.

Como evitar os vícios de linguagem

É importante, primeiramente, identificar os erros que são cometidos e prestar atenção para não repeti-los.

Para identificar os erros, é imprescindível que se tenha conhecimento de quais são, como foi apresentado acima.

Se possível, resolva exercícios de vestibulares e concursos que abordem o tema

E, por último, mas não menos importante, tenha um hábito de leitura, para que você tenha cada vez mais familiaridade com a norma padrão.

Exercícios resolvidos

Confira, a seguir, algumas questões de vestibulares anteriores para praticar o que você aprendeu.

Além dessas, você encontra mais questões sobre o tema aqui.

Questão 1 (FEI – SP): Identifique a alternativa em que ocorre um pleonasmo vicioso:

a) Ouvi com meus próprios ouvidos.
b) A casa, já não há quem a limpe.
c) Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
d) Bondade excessiva, não a tenho.
e) N.D.A.


Questão 2 (UFOP – MG): Qual o vício de linguagem que se observa na frase: “Eu não vi ele faz muito tempo”.

a) solecismo
b) cacófato
c) arcaísmo
d) barbarismo
e) colisão


Questão 3 (URCA): Sobre os vícios de linguagem, relacione a segunda coluna com a primeira:

A. Barbarismo
B. Solecismo
C. Cacófato
D. Redundância
E. Ambiguidade
( ) É admirável a fé de meu tio;
( ) Não teve dó: decapitou a cabeça do condenado;
( ) Faziam anos que não morriam pessoas;
( ) Coitado do burro do meu irmão! Morreu.
( ) Intervi na briga por que sou intimerato.


Questão 4 (Enem): No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: ‘CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE’. A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:

a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.
b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha.
c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.
d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase.
e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.


Questão 5 (Enem): Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?
[…]
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um:

a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e
representativos de outras culturas.
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da
língua disponibiliza.
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode
vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.
d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.
e) termo técnico, dado que designa elemento de área e de atividade.


Respostas

1: Letra C
2: Letra A
3: Sequência:
a) D – C – A – B – E
b) B – E – D – A – C
c) C – D – B – E – A
d) A – B – E – C – D
e) E – A – C – B – D
4: Letra E
5: Letra B

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